segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Areia para os olhos

Por enquanto na Grécia discute-se de quanto será a nova ajuda externa e quanto terão de ceder os gregos por isso. Por cá tenta ignorar-se o óbvio. Já todos se aperceberam que a politica de austeridade gera apenas mais auteridade. Uns por inépcia, outros por crença. Devemos preocupar-nos mais com os segundos, que finalmente deixaram de estar camuflados. Os lobos deixaram de vestir pele de cordeiro e andam à solta. A vender património público a preço de saldo. Quando tudo isto acabar dir-nos-ão que nada mais podia ter sido feito, que demos o nosso melhor, que tudo era inevitável. E estaremos mais pobres, como cidadãos e como país. Desmantelada a rede de serviços que tinhamos como prioritários - a água, a energia, a saúde - restar-nos-à pagar por tudo o que consideramos essencial sem termos, em boa verdade, lucrado nada com isso. E fazem-no pacatamente, assumidamente, envoltos por um discurso de inevitabilidade que ecoa em todas as bocas - as mesmas de há 30 anos para cá. O que devíamos discutir em relação à Grécia - como em relação a Portugal - era não em quanto estamos dispostos a ajudar mas como utilizar essa ajuda. A politica de austeridade, como anunciado, tem criado mais desemprego, menos riqueza e mais desigualdade.

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