sexta-feira, 17 de junho de 2011

O novo memorando de entendimento

Enquanto se critica a abstenção e se discutem novos meios de trazer novos eleitorados a votar, PSD e CDS assinaram hoje o acordo que, pouco provavelmente, governará o país nos próximos quatro anos. Sobre este, a primeira análise é sobre a linguagem politica. Ramalho Eanes lembra, e com razão, o imperativo de não esquecer que a sociedade tem de se mobilizar. Entretanto, no acordo de entendimento entre o duo vencedor, entre as alíneas que mostram o rumo que desejam que tomemos e outras que adivinham o rumo que tomaremos, a linguagem é de um vazio total que a ninguém interessa.
Um exemplo, sobre a justiça. "h. Reformar a justiça, tendo em vista a obtenção de decisões mais rápidas e com qualidade, tornando-a num estímulo ao desenvolvimento económico e ao investimento. Será prioridade do próximo Governo a recuperação da credibilidade, eficácia e responsabilização do sistema judicial e o combate à corrupção". Como não concordar com isto? É um texto coerente, após uma debate político onde o foco era a frase que abria o noticiário e a divergência era, para a maioria, de forma, não de conteúdo. Não conheço nenhum partido que não subscrevesse tal afirmação. Enquanto a linguagem política for escrita no vazio, nenhum debate sobre a abstenção será possível. Concordamos todos com este acordo, bem vistas a coisas. É na forma de o atingir que divergiremos. Um ponto para George Orwell.

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