sábado, 10 de dezembro de 2011

Portugal e a União (1)




O acordo alcançado na última cimeira europeia é o primeiro passo de um processo político não-democrático de sujeição. Os modernos burocratas europeus, os idiotas úteis de alguém, continuam a conceber alterações ao funcionamento da União, à sua orgânica, no fundo, à sua essência e ao que dela emana. Fazem-no com medo permanente da consulta popular.

Todas as estruturas europeias retiraram soberania aos países e raramente o processo de integração europeia, no pós-guerra, resultou da vontade popular directamente expressa, sendo quase todos os passos dados suportados na ratificação indirecta que as eleições nacionais proporcionaram. Hoje, a integração prudente, respeitando e seguindo o que as nações europeias tidas em conjunto poderiam realmente suportar, sob o espectro da desagregação, é pouco mais que um tolo anseio. Como a integração monetária, as políticas de desincentivo à produção na periferia europeia e o ilusório efeito de riqueza proporcionado pelos fundos estruturais resultaram, 20 anos após Maastricht, no aprofundamento das diferenças na União.

Enquanto havia convergência, a Europa agregava-se. Quando os primeiros casos de divergência entre membros da União se começaram a manifestar, cabia a esses países mudar. Agora que a divergência é partilhada por dois clubes de países, não há agregação que subsista. A partir daqui, os países em declínio real seguirão tudo o que a outra parte, a excedentária, lhes impuser. É racional se se admitir que o declínio é temporário. Mas algum pragmatismo e (boa) teoria económica, revelando que o retrocesso passageiro poderá durar décadas, torna irracional a aceitação destas novas políticas.

Se de facto existe ainda uma identidade a que possamos chamar nossa.

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